No caminho da arte… a arte como caminho…
No passado dia 15 de abril, Dia Mundial da Arte, a ESFRL teve o prazer de receber a artista plástica Rita Gaspar Vieira, investigadora, professora universitária e diretora artística do Centro de Artes Villa Portela, em Leiria. Doutorada em Belas Artes – Desenho e Mestre em Teorias da Arte, na F.B.A.U.L. (Lisboa), onde se licenciou em Artes Plásticas - Pintura. É professora no Colégio das Artes (Doutoramento de Arte Contemporânea), na Universidade de Coimbra e no Instituto Politécnico de Tomar (Tomar), sendo também Membro Integrado do Techn&Art - Centro de Tecnologia, Restauro e Valorização das Artes do I.P.T., e Membro Colaborador no CEIS20/U.C. - Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, da U.C.
A artista foi convidada pela professora de Filosofia, Sofia Fazendeiro, no âmbito da análise e compreensão da experiência estética - Filosofia da Arte - e propôs-se fazer possíveis aproximações à definição da arte, partindo do seu próprio trabalho artístico / da teoria à prática e da prática à teoria.
Assim, ao longo de quase 100 minutos e tendo como ponto de partida uma seleção de projetos compreendidos entre 2014 e 2023, a artista, numa conversa, mais ou menos intimista, com os cerca de 50 alunos de 11º ano do Curso de Artes Visuais que assistiam a esta palestra, foi falando da arte como processo relacional, sendo produzida por pessoas e para pessoas, destacando o papel do público como condição necessária para o reconhecimento do artista e da obra de arte.
Pela viagem que nos proporcionou, pelas obras e lugares onde expôs, percebemos que o papel de algodão é um recurso de eleição através do qual conta histórias a partir de memórias. “O desenho já está no lugar” e ela só tem de o encontrar, em lugares que explora e (re)constrói. “Retiro a ‘pele’ aos lugares (...) vazo papel em estado líquido sobre superfícies de espaços e objetos, recuperando histórias e memórias que me precedem”, diz. Ao branco do algodão poroso junta o negro da grafite, a pedra, o pó e as marcas que o tempo deixa. Fala da arte produzida como um lugar de encontros, de partilhas e de resgate. Constrói memórias a partir de outras memórias e desafia os alunos a serem audazes, a explorarem e a trilharem percursos próprios, porque no seu decurso “há caminhos que se vão abrindo”.
Ao longo da sua apresentação, os mais atentos conseguiram enquadrar a obra de arte nas teorias essencialistas lecionadas, nomeadamente nas perspetivas que defendem a arte como representação e a arte como expressão, mas também nas teorias não essencialistas, como a já mencionada, teoria institucional da arte.
Antes de terminar, falou-nos ainda, enquanto responsável pela direção artística do Centro de Artes Villa Portela, do projeto de transformação da casa num Centro de Artes que vai servir a cidade e das oportunidades e valências de que este se reveste.
A sessão terminou com o lançamento de um desafio aos jovens artistas das turmas H e I do 11º ano. A cada aluno foi dada uma folha do Inventário Hidrológico de Portugal, de 1975 e as turmas foram convidadas a transformar essa folha fazendo um uso livre e criativo das cores, formas e materiais tendo como única condição, a integração da folha dada no trabalho cujo tema é o respeito pelo “Água”. Posteriormente será criado um painel comum às duas turmas que será exposto no Moinho do Papel, em Leiria. Assim, a arte será vivida e terá a voz, a cor e as possíveis formas que cada um lhe quiser dar.
Sofia Fazendeiro